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terça-feira, 18 de julho de 2017

A insegurança nossa do dia-a-dia II


A insegurança nossa do dia-a-dia II


Por: Fernando Marin



“...homens violentos querem me matar. Eles não se importam com Deus.” Sl 54 3 b

 Palavras de Davi, preocupado, amedrontado, quando estava escondido enquanto era procurado para ser morto. Palavras ditas séculos atrás mas atuais, afinal a situação em que vivemos hoje nos leva ao medo de sermos vitimados a qualquer instante, e em qualquer lugar.

 A situação da insegurança hoje nos apavora. Acontece uma média de um roubo de carga por hora no Rio, os caminhões são levados a algumas comunidades e rapidamente descarregados e os produtos vendidos pelos ladrões. Já existem feiras onde esses produtos são vendidos livremente a preços baixos, embora os frutos desses roubos também sejam ofertados por ambulantes até mesmo dentro dos trens da Supervia.

 Segundo o Portal Terra , há uma média de 14 tiroteios por dia que acontecem em diversas partes da cidade, inclusive próximo a escolas, hospitais, postos de saúde. No meio desses tiros está a população, somente no ano de 2017 até o dia 2 de julho 632 pessoas foram atingidas por balas perdidas , sendo que pelo menos 67 delas morreram (fonte O Globo).  Até mesmo bebês foram atingidos e feridos antes de nascerem, como no caso do Arthur, em Duque de Caxias, atingido por uma bala perdida dentro da barriga de sua mãe.

 Apenas no ano de 2017, até hoje, 89 policiais militares morreram vítimas dessa violência, muitos deles de folga, número superior aos mortos durante todo o ano de 2016.

 O caos é tamanho que já existe pelo menos um aplicativo de celular – denominado Fogo Cruzado – que informa as áreas que devem ser evitadas por estarem acontecendo trocas de tiros entre polícia e bandidos ou entre os próprios traficantes, que não se preocupam nem um pouco com o que acontece  à sua volta. Segundo a ONG Rio de Paz, os dados fornecidos pelo Aplicativo não expressam a realidade, já que os moradores de comunidades geralmente não ousam informar confrontos próximos às suas residências, com medo de retaliações por parte dos bandidos. Assim, a comunidade do Jacarezinho, por exemplo, onde existem tiroteios diários sequer aparece nas estatísticas da ONG.

 Crianças, jovens, adultos, idosos todos hoje são vítimas dessa violência desmesurada, direta ou indiretamente. Segundo o Portal G1 , pelo menos 550 mil pessoas sofrem de estresse pós-traumático, causado pelo pânico ou por perda de algum parente por atos de violência, 214 mil pessoas apenas na capital.

 A política de segurança capitaneada pelas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) faliu, junto com o governo do estado. A falta de recursos , atrasos e não pagamento de direitos trabalhistas – os funcionários do estado do Rio de Janeiro sequer receberam o seu 13º salário referente a 2016, e nem há previsão para pagamento – acabaram por gerar uma crise sem precedentes, já que a situação de penúria atinge todas as áreas da administração pública, como educação, saúde e a área social.

 Falta de tudo, governo , dinheiro, estratégias, projetos, atendimento, armamento, veículos ( metade dos veículos da Polícia Militar estão parados por falta de manutenção), vergonha , o estado simplesmente faliu, devido à péssima gestão.

 A receita com o turismo caiu e continua em queda, os hotéis estão vazios, afinal quem tem coragem de vir passear no Rio?

 De quem é a culpa disso tudo?

 De todos.

 Há tempos que as más administrações não vem fazendo bem o seu trabalho, notadamente na área da educação, a mais importante de todas , já que é a que prepara e capacita o indivíduo para a vida. Há ainda a questão da corrupção, da impunidade, das péssimas condições de moradia , de saúde, enfim, o Rio de Janeiro hoje está entregue nas mãos dos bandidos. Digo com certeza que as autoridades perderam o controle da situação e agora a polícia corre de um lado para outro tentando conter ondas de violência e causando mais violência ainda, já que revida as agressões que sofre.

 Onde iremos parar?

 Não sei. Talvez, como Davi, tenhamos que sair da caverna e enfrentar a realidade. Temos que nos indignar e darmos nossa resposta. Não podemos continuar acuados e apavorados enquanto o mal prospera livremente. É necessário que se cobre o que é o nosso direito, direito de ir e vir, direito a segurança, a se andar livremente pelas ruas.

 Não é?


 Fernando Marin

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