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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

OS PALESTINOS, ISRAEL E A IGREJA II







Israel, Palestina e a Igreja II


 Esta é a segunda parte do artigo escrito pelo Pr Julio César Paiva Gonçalves sobre a antiga questão que envolve a belicosidade existente entre o povo de Israel e o da Palestina. A primeira parte está postada no blog anteriormente, e esta segunda parte ajudará bastante àqueles que desejam compreender melhor o assunto.


PALESTINOS E JUDEUS – A QUEM PERTENCE A TERRA PROMETIDA?

 Basicamente, essa é a questão central que permeia a crise entre judeus e muçulmanos: a quem pertence a Terra Prometida? Esse entrevero traz consequências terríveis não só para o Oriente Médio, mas para todo o planeta, tendo pleno potencial para se transformar no estopim de uma nova guerra mundial.
 Teologicamente, há quem creia que o restabelecimento do Estado de Israel faz parte dos planos divinos para a chegada do fim, visto que Israel representa o relógio de Deus para a concretização das profecias messiânicas. Assim, os palestinos devem ser de fato expulsos do território que pertence biblicamente aos judeus, pois isto faria parte da preparação para a volta de Cristo.
 Terá esse pensamento validação teológica? Será ele coerente com a mensagem das Escrituras Sagradas? Vejamos a resposta a partir de um breve relato histórico e uma objetiva constatação bíblica, reconhecendo mais uma vez o terreno pantanoso sobre o qual trilhamos em relação a este dilema.
 Por volta do ano 2000 a.C., Abraão recebe o mandato divino para deixar a Mesopotâmia e rumar para Canaã, em busca de um território que seria destinado aos seus descendentes ao longo dos séculos vindouros. Somente por volta de 1240 a.C., sob a liderança de Josué à frente de Israel, tal promessa começa a tomar forma, alcançando a sua consumação debaixo dos reinados de Davi e Salomão, pelos idos do século X a.C.
 Com o rei Roboão, neto de Davi, Israel é fragmentado em dois reinos: o Reino do Norte, cuja capital é Samaria, e o Reino do Sul, com Jerusalém como centro. O primeiro cai sob o domínio assírio, e nunca mais se restabelece, em 722 a.C. O segundo cai diante de Babilônia, no ano 586 a.C. Desde este período, a não ser por breves intervalos de tempo, os judeus jamais voltaram à autonomia política em relação ao seu território, passando pela jurisdição babilônica, persa, grega e romana. No ano 70 d.C., Jerusalém, que naquele tempo estava sob o domínio do Império Romano, foi destruída e em 135 d.C., os judeus foram expulsos da cidade e passaram a viver em diferentes partes da região.
 A Palestina passou a estar sob o domínio dos muçulmanos a partir do ano 638 d. C., quando Omar era o califa. Este domínio permaneceu até o ano 1918, exceto por alguns anos durante as Cruzadas, o que representa cerca de mil duzentos e oitenta anos sob o domínio muçulmano. Foi a partir de então que a região passou a estar sob o Protetorado Britânico.
 De 1880 em diante o número de judeus que se estabeleceram na Palestina, fugindo da perseguição antissemítica que estava havendo na Europa, começou a aumentar significativamente. Nessa época, 5% da população era composta por judeus e 95% por árabes palestinos. Quando os árabes perceberam as intenções a longo prazo dos judeus, passaram a ter uma atitude mais violenta.
 Em 1917, na Inglaterra, foi assinada a Declaração de Belfour, em que se reconhecia o direito dos judeus a terem sua própria pátria, com a ressalva de que em nenhum momento os árabes palestinos poderiam ser prejudicados pelas concessões feitas aos judeus.
 A violência entre os dois grupos continuou em aumento até que, em 1947, a Organização das Nações Unidas aprovou um plano que dava 52% das terras para os judeus (que então representavam 31% da população e possuíam legalmente apenas 6% das terras) e 48% para os árabes (que representavam 69% da população).
 Em 1948 o Estado Judeu foi estabelecido. Os árabes, inconformados com o que eles entendiam ser uma grande injustiça, se levantaram contra os judeus, foram derrotados e, no processo, perderam ainda mais território. Como resultado desta situação, ainda hoje há 3.5 milhões de palestinos refugiados em diferentes países do Oriente Médio.
 Este acontecimento foi visto por muitos cristãos como o “início do fim” e o cumprimento de promessas bíblicas. O povo judeu precisava de um território próprio, depois de sofrer intensamente o holocausto levado a cabo pelos nazistas. O problema era que a Palestina já era habitada pelos árabes palestinos há mais de mil anos, ou seja, há muito mais tempo do que o Brasil foi descoberto! O mundo tinha sido compreensivelmente simpático aos judeus que sofreram terrivelmente, mas ignorou os direitos e o clamor do povo palestino, que vivia naquele lugar há vários séculos. 
 Seiscentos e cinquenta mil muçulmanos e 55 mil cristãos palestinos foram expulsos de suas casas. O novo governo de Israel destruiu mais de 400 povoados palestinos. Desde então milhares, principalmente palestinos, morreram em meio às intermináveis batalhas. Milhares de árabes (muçulmanos e cristãos) continuam sem uma casa, sem uma pátria, o que só faz aumentar em larga escala esse conflito que parece não ter um fim visível.
 Que uma coisa fique clara: amo o povo judeu e tenho integral consciência de que a fé cristã deve sua existência ao judaísmo, do qual é herdeira direta. A princípio o Cristianismo não era visto como um novo movimento religioso, mas sim uma facção judaica. Jesus era judeu, os apóstolos eram judeus, a primeira igreja era judia. Também abomino e rechaço veementemente as ações radicais islâmicas. Entretanto, resta-nos saber se esse Israel de hoje representa o povo que biblicamente é chamado de povo de Deus, sujeito às promessas dos céus, com direito incondicional à Terra Prometida.
 Sobre isso, falaremos com mais calma na próxima semana! Até lá e que Deus nos abençoe!
Julio Cesar Paiva Gonçalves

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