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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Cristão e a Política






  
 Por: Fernando Marin



   Estamos a poucos dias das eleições, quando o povo brasileiro terá a oportunidade de escolher aqueles que vão governar e legislar em seus municípios. É uma excelente ocasião para se refletir e votar em pessoas realmente compromissadas com o bem estar da população,  voltadas para uma gestão séria e competente dos recursos públicos, que possam bem gerir a área da saúde pública, da educação, do desenvolvimento, enfim, que possam trabalhar pela melhoria da qualidade de vida, dando, assim, mais valor à vida humana, libertando, principalmente os mais pobres, das cadeias que os prendem à miséria, à falta de esperança no futuro, à carência de recursos básicos que possam garantir uma vida com alguma dignidade.

   Neste, como em todo ano eleitoral, tomamos conhecimento de uma serie de candidatos à prefeito e vereadores que apareceram com todos os tipos de promessas e de realizações, chamando a nossa atenção para a necessidade de examinarmos, com bastante cuidado, o currículo de cada um, para que não caiamos em erros que, mais tarde, nos custarão caro.

   Mesmo com a chamada “Lei da Ficha Limpa” em vigor (finalmente), não estaremos livres de virmos eleitas pessoas despreparadas ou que estejam comprometidas com empreiteiras, alianças políticas de conveniência ou consigo próprios, o que é muito comum de acontecer em nosso país.

   Por outro lado, assistimos a uma certa apatia da parte de muitos que, devido aos desmandos e escândalos a que tem assistido, deixaram simplesmente de acreditar nos políticos e em um futuro melhor, anulando os seus votos ou votando em qualquer candidato , sem avaliar as consequências que um voto errado pode trazer à toda uma população, já carente de muitas necessidades básicas.

   Em anos eleitorais, também surge uma discussão que já é conhecida no meio eclesial, e que diz respeito ao envolvimento dos cristãos com a política, tido por muitos como errado, pois consideram a política como um ‘jogo sujo’, desonesto, e que, por esses motivos, pregam que o povo de Deus deve , simplesmente, se alienar das eleições e deixar que Ele resolva todos os problemas do nosso País.

   Provérbios 29.2  “ Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama.”

   Mas, o que é “política” ? Se recorrermos à Wikipedia, descobriremos que política é “ arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.”

   De acordo com essa definição, todas as vezes em que votamos ou participamos da vida da nossa comunidade, estamos fazendo política.

   Mas, o que tem a Teologia a mostrar sobre isso?

   Quando recorremos às Escrituras, vemos que, como cristãos, somos considerados como o ‘sal da terra” e a” luz do mundo” (Mateus 5.13 e 14). Assim, onde estivermos, deveremos fazer a nossa parte de maneira a exercer a  perspectiva bíblica que deve reger as nossas atitudes. Temos que fazer a diferença aqui neste mundo, mesmo sem pertencermos a ele.

   Na verdade, a própria Bíblia nos ensina as histórias de diversos personagens que foram agentes de Deus na política, personagens esses que, servos fiéis de Deus, tiveram atuação importante e marcante em funções de destaque no governo , sem se deixarem corromper , ao contrário, homens que pautaram as suas vidas na Palavra de Deus e que, por isso, se tornaram grandes exemplos do amor e da conduta ideal de um cidadão do Reino de Deus.

   Esse foi o caso de José, por exemplo. Por ser o filho favorito de Jacó e de Raquel, foi vendido como escravo pelos seus irmãos, invejosos. Pela sua conduta, em pouco tempo se tornou o superintendente da casa de Potifar, alto oficial egípcio. Por resistir à sedução da esposa do seu superior, acabou injustamente no cárcere, até que Faraó o chamou para ajuda-lo na interpretação de um sonho. Com a benção de Deus, José salvou o Egito e muitos outros povos vizinhos de um período de fome, que durou 7 anos. Tornou-se conhecido como homem sábio, e foi nomeado uma espécie de primeiro ministro, com amplos poderes e subordinado diretamente ao próprio Faraó.

   Outro personagem bíblico que fez a diferença, foi Daniel. Descendente da família real de Judá, aos cerca dos doze  aos dezesseis anos já estava na Babilônia , como cativo judeu. Com os seus companheiros, foram forçados a trabalharem para a corte real babilônica, tendo recebido o treinamento adequado. Logo, se distinguiu entre os demais, pela sua sabedoria e piedade, especialmente pela sua fidelidade a Deus. Já no palácio de Nabucodonosor, com a ajuda de Deus, conseguiu interpretar um sonho do Rei, tendo subido no conceito real, assumindo o cargo de governador da província da Babilônia e de inspetor-chefe da casa sacerdotal,  permanecendo por muito tempo em funções de destaque no reino.

   Poderia citar muitos outros personagens bíblicos que atuaram na política, e que foram benção para o povo e para o reino de Deus aqui na terra, mas, creio que os dois citados são suficientes para entendermos que a mera participação em atividades político-administrativas, não desmerece nenhum cristão.

   Ao contrário, nosso engajamento na administração pública, de forma direta ou não, pode vir a ser um canal para , na dependência de Deus, sermos agentes de bênçãos para muitas outras pessoas, como foram José e Daniel, entre outros.

   A Bíblia, em Efésios 2.10 (“Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.”), nos deixa claro o que se espera de cada cristão, que estejamos prontos para as ‘boas obras’ reservadas por Cristo para nós. Essas ‘boas obras’, são o cumprimento dos propósitos de Deus na vida de cada cristão, pregar o evangelho, amar e servir ao próximo, ser uma testemunha de Jesus onde quer que esteja, irradiando o amor em todas as ocasiões e lugares , sendo agente e meio de bênçãos para todas as pessoas.

   O cristão é um cidadão, como qualquer outro, com os seus direitos e deveres cívicos e morais. Na política, assim como no cotidiano, o cuidado sempre estará em colocar o governo pessoal de Deus sobre a sua vida acima de qualquer outra coisa, dando bom testemunho em todas as situações, sendo bom exemplo de conduta moral, de honestidade, de comprometimento com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, de combate sem tréguas à corrupção e a todos os tipos de atos contrários aos ensinados por Deus, sendo o verdadeiro ‘sal da terra’, sendo uma luz nas trevas, deixando que a Glória de Deus resplandeça através dos seus atos, fazendo a diferença neste mundo.

   “Se um cristão, um líder ou denominação advoga um não-envolvimento, que avaliem até que ponto tal ato será uma omissão que acaba contribuindo para consolidar o poder do espinheiro. Por outro lado, se um cristão, um líder ou uma denominação defendem e participam politicamente, seus maiores desafios são permanecerem fiéis ao chamado profético de influenciar, em lugar de serem influenciado. De serem luz, em lugar de trevas. De fornecerem saber, em vez de serem pisados pelos homens.”  Pr Marcio Garcia

   Na política, ou em qualquer outra atividade, cabe ao cristão uma conduta ética e moral condizente com a sua condição de filho do próprio Deus.

Fernando Marin

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